sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ENTREVISTA - Renatho Costa (blog Leia 1 Livro)

Hoje entrevista com uma pessoa que é muito gente fina de verdade.Renatho obrigado por tudo mesmo! Estou lendo o livro dele e logo logo teremos resenha! =D

1 - Quando começou essa sua paixão por livros? E por escrevê-los?
É difícil precisar uma data. Lembro-me de que sempre tive livros em casa e, aos poucos, fui descobrindo que poderia ser muito divertido lê-los. Acho que durante o ensino médio tive a oportunidade de ter bons professores e o gosto pela literatura foi acentuado. Paralelamente a isso, fui descobrindo o prazer de ler os autores do período ultra-romântico e mesmo os alternativos (Kerouac). Também comecei a ler livros de suspense e textos teatrais... daí não parei mais! Agora; escrever um livro não era uma de minhas metas principais. Meu fascínio sempre foi pelo cinema e o que aprendi a escrever primeiro foram roteiros. Depois passei para as peças teatrais e, somente quando percebi que tinha um bom domínio sobre tramas que me aventurei a escrevê-lo. Minha dúvida era se conseguiria manter o interesse do leitor por tantas páginas! Mas não escrevi imediatamente um romance, passei pelos contos e depois por alguns exercícios literários (tentativas de dominar a técnica literária através da escrita de vários pequenos textos). Acho que quando decidi escrever “Os meninos de Gateville” já me sentia à vontade com a estrutura de um romance, por isso o processo de escrita foi mais prazeroso que doloroso!

2 - Todos nós temos algum tipo de influência, você teve influência de alguém por esse amor aos livros e por escrever?
Meus pais não eram muito de ler, apesar de disponibilizarem os livros. Mas durante minha vida inteira tive muito contato com uma tia (Ju) e minha prima (Erê) que liam demais e sempre me mostravam novidades (instigavam-se a conhecer novos estilos e não somente aquele que já gostava, inclusive, o gosto pela política). Até mesmo a possibilidade de conhecer outros estilos musicais veio através delas (e músicas de muitos lugares do mundo também)! No entanto, com relação ao ato de escrever, entendo que os culpados foram o cinema e a televisão. As tramas de filmes e novelas sempre pairaram pela minha cabeça e aos poucos comecei a prestar mais atenção sobre a maneira com que eram criadas. Também, escrever pareceu-me um ato muito prazeroso pela capacidade que temos de construir um mundo conforme nossa vontade. Acho que ao escrever meus textos tinha a possibilidade de realizar o que não dava para fazer na vida real! Também sempre freqüentei o teatro (desde criança) e isso me fez pensar em como as palavras chegavam às bocas dos atores. Todo esse processo de descoberta da dramaturgia, misturado com uma adolescência em que nos revoltamos com o mundo, foi o cenário ideal para que eu começasse a escrever (ainda guardo minhas histórias daquela época, mas apenas para perceber que melhorei bem! rsrs). E minha mãe sempre me estimulou a escrever dando todos os instrumentos para isso!

3 - Como foi o processo de enviar o original para as Editoras?!
Essa foi a parte mais complicada, pois não conhecia muito bem o mercado editorial. Sempre levei meus textos teatrais aos atores e/ou cias teatrais que me interessavam e esperava que eles lessem e me dessem o retorno sobre uma possível montagem do texto. Nem sempre conseguia chegar a quem pretendia, mas tudo era mais simples. Por isso que quando terminei de escrever “Os meninos de Gateville” logo encaminhei a duas editoras e esperei que eles me dessem um retorno, seja ele qual fosse. Mas o fato é que as editoras recebem muito livros e alguns demoram até um ano para darem um retorno sobre o interesse na publicação. Das duas que enviei inicialmente, somente recebi uma negativa. A segunda sequer se pronunciou. E mesmo a negativa não expunha o que o livro teria “de ruim” para não ser publicado. Mas como não tive resposta da editora, pensei em reavaliar o material que tinha escrito. Daí pedi a um amigo que é escritor e editor (Felipe Greco) que desse uma lida no livro. Ele, muito generosamente, fez a leitura e apontou algumas questões que poderiam melhorar o livro.
Em poucos dias fiz algumas alterações e resolvi encaminhar os originais para a Novo Século porque já havia em sua linha editorial os livros do André Vianco (que apesar de não serem exatamente sobre o que escrevo, tinham certa dose de suspense e terror). Enfim, em aproximadamente três meses tive o retorno da editora e aceitei a proposta de publicar o livro. Também havia a possibilidade de lançamento na Bienal Internacional do Livro desse ano, dentre outras coisas. O editor, à época, percebeu o potencial da obra e desde então só tenho tido um retorno positivo. Mas todo o processo é bem lento... contudo, a satisfação de ver a obra publicada é indescritível... acho que somente se compara ao momento em que vejo os atores trabalhando com meus texto!!!

4 - De onde veio a ideia de escrever um livro? E a história de “Os meninos de Gateville”? De onde surgiu?
Surgiu da necessidade de me testar, de saber se eu teria condições de escrever algo extenso e que conseguisse prender a atenção do leitor. Tentar construir um clima de suspense que, ao mesmo tempo provocasse o leitor e o instigasse a virar a próxima página! E, com isso em mente, resolvi tentar construir algo da dimensão do que foi o filme “As bruxas de Blair”, no momento de seu lançamento (não a qualidade do filme, mas o que representou!). Queria criar uma trama que deixasse o leitor em dúvida se os fatos ali narrados seriam reais, ou não. Daí convidei um amigo (web designer) para idealizarmos um site no qual um personagem sairia pelo mundo à procura de um criminoso que teria assassinado, de maneira hedionda, uma menino de dez anos. Todo o processo de investigação do crime seria narrado no site no intuito de levar as pessoas a tentarem contribuir com a resolução do crime. As pessoas teriam de acreditar no crime e, por isso, utilizávamos alguns elementos reais para criar a dúvida... Mas o site não conseguiu levantar recursos e o projeto foi arquivado. No entanto, fiquei com os diários que já tinha escrito sobre a investigação do crime... Algum tempo depois, quando resolvi me aventurar na escrita de um livro, esse material me pareceu muito interessante. Eu queria que fosse um suspense, com o clima policial dos romances que sempre li e com um pouco de Arquivo X!!! rs Enfim, reuni os diários, utilizei algumas referências de lugares que conhecia e comecei a traçar as linhas do que dariam em “Os meninos de Gateville”, um crime abominável, mas que as pessoas se envolvem em sua resolução e no drama do personagem principal (Jimmy)... ao meu ver, tão rico quanto o crime que ele investiga!

5 - Você se identifica com algum dos personagens do livro? Se sim, porque se identifica e como poderia resumir esse personagem para nós?
Talvez seja chavão o que vou dizer, mas acredito que sempre há muito de nós nos personagens que criamos. Seja no que mais abominados, seja no que gostamos, seja no que gostaríamos de ser/fazer ou não ser/fazer. Nesse sentido, acredito que pela própria narrativa do livro ser em primeira pessoa, a tendência de buscar aproximações com esses aspectos é flagrante. Mas quando leio “Os meninos de Gateville” acho que o personagem principal, Jimmy, é tão distante de mim que nunca poderia conhecê-lo. Por outro lado, muitos dos lugares por onde ele passa, eu já estive, o que faz com que ele expresse seus sentimentos por esses lugares a partir do que eu imagino ser... É meio estranho isso, mas não só nele há um pouco de mim... a Sra. Stein é a pessoa mais gentil e amável que já imaginei... gostaria de ser mais como ela, mas isso acho difícil. Então, há projeções de mim em muitos personagens... e de amigos ou “inimigos” também. Sempre faço homenagens às pessoas conhecidas em meus textos teatrais, e, nesse romance também fiz. E o mais legal é quando as pessoas se reconhecem nos personagens ou passagens e vêm falar comigo. Também, como disse, fica mais legal porque existem alguns elementos reais que fazem com que a trama fique mais próxima do leitor!

6 - Para você, qual a importância das redes sociais e blogs para com autores e suas obras?
São fundamentais. Antes de começar a entender o universo literário, imaginava que o livro estando na vitrine de uma grande livraria seria o suficiente para chegar ao leitor. Grande equívoco. Isso é importante e mexe com o ego prazerosamente, mas o mais interessante é saber o que as pessoas pensam sobre o que foi escrito. Receber críticas (positivas ou negativas) e poder compartilhá-las. Daí, não há melhor espaço do que no mundo virtual onde os blogs literários se entrecruzam. Assim, a obra passa a ganhar espaço e o público vem a saber que ela existe. E as redes sociais também cumprem esse papel. Muitas pessoas chegaram ao meu livro a partir de um post no Facebook, Orkut ou Filmow. Também tem o Skoob, que é muito interessante... Não consigo imaginar outra forma de divulgação, exceto se você tiver fortunas para colocar comerciais durante o intervalo da novela das oito!!! rsrs

7 - Você tem um gênero de livros preferidos? Poderia citar algum de seus livros favoritos?
Suspenses, dramas e policiais. Suspenses, comecei a gostar quando descobri Agatha Christie, daí li vários de seus livros. Sherlock Homes também me atraiu muito, mas gostaria de falar de Rubem Fonseca e Patrícia Melo. Gosto muito deles. Stephen King também li muita coisa, mas não escrevo como ele, o universo dele me interesse pela capacidade de criar situações fantásticas a partir de pequenos detalhes do cotidiano. E Gabriel García Marquez, esse mudou minha vida quando li Cem Anos de Solidão. Um drama épico, que tive de montar até um organograma para saber quem era quem na história, mas que me prendeu de tal forma que fiquei alucinado. E entendi um pouco melhor o que Tolstoi queria dizer com “fale de sua aldeia e estará falando do mundo”.

8 - Há projetos de novos livros além de Os meninos de Gateville?
Tenho sim... tinha feito algumas anotações há muito tempo e voltei a relê-las no começo desse ano. Dalí tenho trabalhado desde então. Será mais uma trama de suspense ambientada, inicialmente, na cidade de Guaratuba (PR), durante o período em que o ex-ditador paraguaio esteve por lá. Essa trama envolverá alguns jovens que estava na cidade para comemorar a formatura de ensino médio enquanto aguardavam o início das aulas na universidade. Tem, além do clima de mistério que alavancará um monte de acontecimentos, um sentimento de rito de passagem. Ou seja, ali esses jovens estariam entrando na vida adulta com a volta das férias e início das aulas na universidade. Por isso o título provisório é “O último ano do começo de nossas vidas”. Mas tudo isso está envolto num crime pavoroso e estranho demais! Bom, ainda estou escrevendo... pode ser que algumas coisas mudem!

9 - Agora vamos fazer 1 “bate-bola”:
Comida predileta: Big Mc
Música preferida: Times Like These
Livro Preferido: Cem Anos de Solidão
O que gosta de fazer em tempos livres?: Assistir filmes
Alguma mania?: Sempre formatar a página antes de escrever qualquer coisa... senão tenho um bloqueio e não consigo escrever ou pensar!
Literatura pra você é: Um caminho para o prazer, entretenimento, conhecimento... entendo que seja o grande portal para a vida... e a única coisa que precisa é saber ler!

10 - Mais uma entrevista acabando. Adoro saber 1 pouquinho a mais sobre os autores! Muito obrigado pela entrevista e pela simpatia com o “Leia 1 Livro”! Por último, deixe algum recado para os leitores do blog, e fale 1 pouco sobre “Os Meninos de Gateville”.
Antes de mais nada, como disse anteriormente, acho que os blogs são fundamentais para que um livro chegue ao público. Por isso, quero dizer que gosto muito de estar presente nesse blog e conversar com seus seguidores e com todo mundo mais que se interessa por literatura e acessa o blog para saber de novidades! Os blogs, muitas vezes, descobrem as novidades antes da mídia convencional... por isso que os acompanho! Bom, quanto ao “Os meninos de Gateville”, gostaria de convidar as pessoas a iniciarem a leitura dele. Tenho recebido vários e-mails de pessoas que dizem tê-lo lido em dois dias... e são 320 páginas!!! Acho que consegui criar uma trama que instiga o leitor a querer conhecer mais... e para que eu tenha certeza de que estou no caminho certo, gostaria de que as pessoas lessem o livro e criticassem abertamente! Preciso aprender muito agora para que o próximo livro saia melhor que o primeiro. Então, que os apreciadores de suspense dêem uma oportunidade a si de conhecer algo diferente!

Disponível em: http://leia-1-livro.blogspot.com/2010/12/entrevista-renatho-costa.html

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

ENTREVISTA AO BLOG RK BOOK'S


ESSA FOI UMA entrevista que realizei com o RENATHO COSTA autor do livro OS MENINOS DE GATEVILLE o qual já resenhei e até fiz promo! (Confiram a resenha!)
O autor foi bem legal e respondeu rapidamente ao meu e-mail!
Seguem-se alguns contatos dele e logo abaixo a entrevista;
BLOG DO AUTOR: HTTP://RENATHOCOSTA.BLOGSPOT.COM
BLOG DO LIVRO: HTTP://OSMENINOSDEGATEVILLE.BLOGSPOT.COM

ENTREVISTA:

1 – De onde surgiu a ideia de escrever OS MENINOS DE GATEVILLE?

Bom, depois de assistir “A Bruxa de Blair” cheguei ao site do filme e fiquei fascinado com a maneira com que foi estruturado para parecer que os fatos teriam acontecido de verdade. Foi uma jogada de marketing invejável. Daí, mostrei o site para um amigo web designer e perguntei se seria possível criarmos uma história que deixasse os internautas em dúvida acerca da veracidade dos fatos. Com isso idealizamos um site que se chamava “Be Alive”. Escrevi vários diários (posts) de um personagem que, após ter tido contato com um crime, saia pelo mundo buscando os culpados.
Tudo estruturado, site pronto, mas o patrocínio não chegou e paralisamos o projeto. Talvez a proposta fosse ambiciosa demais, o site foi todo idealizado bilíngue para ter âmbito internacional. Algum tempo depois, peguei os diários para reler e percebi que havia a possibilidade de criar uma trama interessante, bastava, para tanto, transformar em linguagem literária. Como só tinha escrito peças teatrais até então, assumi o desenvolvimento desse romance como um desafio… e daí surgiu “Os meninos de Gateville”!

2 – Como você teve aquelas ideias macabras do livro? (Vou te dizer, por pouco não vomitei, rasguei ou atirei o livro na parede.)

Sempre gostei de suspense. Também acho que as tramas policiais, as investigações de crimes e todo o universo que abrange a violência, atraem as pessoas. Até com reações semelhantes a que você relatou ao ler o livro. Ou seja, ao mesmo tempo em que repudia, quer conhecer, quer ir mais fundo para saber qual o limite da barbárie. Sou fã do gênero policial e a maneira com que os crimes acontecem sempre me instigou, a própria figura do serial killer é incrível, sob o ponto de vista dramático, evidentemente. Então, acredito que fui buscar todo o repertório do que li e assisti para transformar em algumas dessas passagens do livro. A violência não está presente a todo o momento, mas quando surge, ela tenta ser um personagem a parte, ou seja, provocar o leitor. Também há a violência induzida, que é a própria história do livro que o personagem escreveu (o romance intitulado “Os treze cantos dos Estados Unidos) e que todo mundo lê (uma piada com os taxistas de todo o mundo), mas se sente “violentado” pelo requinte de crueldade (mas quem cria esse requinte é o leitor, apenas sugiro!).

3 – Quando as pessoas chegam até você para falar sobre o livro o que elas dizem? (Minha opinião não conta, ok?)

Essa era minha primeira dúvida e insegurança! Quando publiquei o livro tinha a sensação de que ninguém iria gostar dos personagens, ninguém iria achar interessante a trama… tudo isso gerava uma tremenda incerteza. Mas a verdade é que tenho tido uma reação do público muito melhor do que pensei algum dia. As pessoas normalmente me dizem que são “presas” pela trama e não conseguem parar de ler. Muita gente me diz que leu o livro em dois dias… e são 320 páginas!!!
Acho que as pessoas ficam envolvidas por uma trama que vai sendo revelada aos poucos e, talvez eu tenha tido a sorte de dosar essas revelações, senão o leitor se cansaria. Para minha felicidade, ainda não recebi críticas negativas; sugestões, sem dúvida. Mas também gosto da maneira com que as pessoas se sensibilizam com o personagem principal… muita gente fica mais abalada com a vida do Jimmy do que com o crime que ele investiga. Essa também é uma razão para que outros públicos, que não os leitores de suspense, gostem da trama… Recentemente recebi um e-mail de uma leitora que queria discutir sobre a vida amorosa do Jimmy, ela fazia algumas colocações fantásticas e de uma profundidade que talvez eu nem tenha pensado… A história passou a ter “vida própria”.

4 – Você já conseguiu muitos fãs? (Além da minha pessoa)

O livro foi lançado em agosto desse ano e sua repercussão está sendo maior do que eu imaginava. Tenho tido a felicidade de encontrar fãs nos locais mais remotos do Brasil, e, gradualmente vou recendo e-mails de pessoas que fazem as perguntas mais inusitadas sobre o livro. O mais legal nisso é que as pessoas querem saber mais e mais sobre os personagens, lugares, fatos… parece que a trama foi incorporada a vida das pessoas.
Também, com a publicação, consegui conhecer muita gente do meio literário e essa abertura não tinha pensado antes… Acho que, de maneira geral, tenho consegui mais fãs a cada dia… pessoas que também me torno fã, porque querem fazer com que “Os meninos de Gateville” faça parte de suas vidas. Incrível pensar que possa acontecer isso com uma história!!!

5 – Qual seu alimento preferido? Por quê?

Pergunta complicada… acho que não tenho muita restrição com relação à comida, mas não gosto muito de perder tempo com isso, sempre tenho a impressão de que almoços e janteres roubam meu tempo… É loucura, eu sei, talvez perca mais tempo com outras coisas… Além do mais, para não “perder tempo”, acabo incorrendo em atitudes equivocadas, digo isso porque não representa nenhum bem à saúde, sou fã do McDonalds! Tenho um prazer incrível ao comer um BigMc…
Acho que os lanches, de modo geral, estão incorporados ao meu cotidiano. São saborosos e acabam rápido… também são rápidos para fazer… Acho que toda esse pressa me afastou de alguns prazeres da vida… mas isso ainda não consegui mudar!

6 – Quais os lugares e/ou pessoas que te inspiraram a escrever OS MENINOS DE GATEVILLE? Você pegou o nome de alguém emprestado?

Sempre gostei muito de Stephen King, mas tenho muitas outras referências literárias… e nesse caso, acho que séries como Arquivo X estão mais presentes no livro. Agora, para criar o universo de Gateville utilizei alguns lugares onde tive a oportunidade de conhecer. Também, nesse romance, utilizo alguns personagens reais (como Paulo Francis) convivendo com outros de ficção no mesmo ambiente. Esse recurso sempre me interessou porque gera mais credibilidade à trama e, muitas vezes, dúvidas sobre a veracidade do fato. Quanto aos nomes dos personagens, gosto de fazer homenagens… existem várias nesse livro. O personagem principal, Jimmy, tomei a liberdade de roubar de James Dean, um ator que o mito ultrapassa todas as fronteiras da rebeldia… só que esse “Jimmy” guarda mais a angústia de James Dean do que sua rebeldia… A imagem dele andando solitário por NY esteve na tela de meu PC durante todo o tempo que escrevi. Existem várias homenagens… mas o legal é descobrir!

7 – Com quantos anos você começou a escrever? Quais eram seus autores preferidos nos tempos de criança? (Quando eu disse criança, entenda-se até os 18 ou 20 anos)

Bom, toda minha formação dramatúrgica veio das novelas… acho que desde quando nasci já assistia novelas… E sempre gostei de entender como eram feitas as novelas, como fazia para que “aquelas pessoas falassem aquelas coisas”. Essa minha curiosidade fez com que eu, quando tinha uns 13 anos, escrevesse uma novela (eu entendia que tinha escrito uma novela), escolhesse um nome de diretor de alguma delas que estivesse no ar e enviasse para ele (escolhi Jorge Fernando).
Mas quando postei a novela para ele, enviei uma carta que só aceitaria que fosse feita se minha irmã fizesse tal personagem!!! Nunca recebi a resposta… Mas continuei escrevendo, imaginando situações e criando em forma de diálogos (que era assim que imaginava que os atores recebiam os capítulos). Quando fiquei um pouco mais velho passei a ler muitas peças teatrais e roteiros de cinema. Já no ensino médio escrevia peças para serem encenadas. Daí cheguei a iniciar um curso de cinema, mas abandonei e fui trabalhar com teatro. Como membro de uma companhia teatral, tive a possibilidade de escrever muito e testar meus textos no palco, principalmente ao participar de festivais!
Particularmente me interessei pelo teatro do absurdo de Ionesco, Beckett, Genet, Adamov e Pinter. E minha primeira peça encenada foi nesse gênero, uma homenagem ao “Esperando Godot”, chamada “Dias Difíceis Dentro Da Dor Do Desencontro”. O teatro sempre esteve muito presente em minha vida e aprendi trabalhar com dramaturgia fazendo cursos e experimentando. Evidentemente que nesse percurso também conheci Gabriel García Marques, Agatha Christie (li bastante), Jack Kerouac… sempre gostei muito de ouvir o que as pessoas pensavam dos autores e obras e acabava lendo para verificar se concordava… Não posso deixar de mencionar Rubem Fonseca e Patrícia Melo… Tem mais gente, mas não me lembro… também vai ficar uma relação de nomes e pode ficar chato e o pessoal não lê o restante!

8 – Você tem alguma mania de escritor? Alguma coisa louca que você faça quando está escrevendo?

Não sei se chega a ser uma mania, mas sempre tento criar os recursos visuais do que estou escrevendo. Por exemplo, tenho fotos de quase todos os lugares por onde Jimmy passa durante o romance. Também criei um cast para que eu soubesse como era a cara de cada personagem… Então, durante o processo vou juntando imagens que fazem com que a trama fique mais “verdadeira”. No final acabei fazendo um diário do Jimmy. Já estou fazendo a mesma coisa com a história que estou trabalhando no momento… Fora isso, às vezes escrevo ouvindo música, quase sempre de madrugada… nada diferente… Ah, sempre escrevo com a página formatada. Talvez seja besteira, mas se não for assim, não sai nada!

9 – Faça um breve resumo de sua vida. (Onde e quando nasceu, você se casou e teve filhos? Quais suas ambições na vida, pretende escrever algum livro novo? Etc.) (E não se atreva a copiar aquelas descrições prontas do Skoob!)

Nasci em São Paulo, capital, fui casado por três e tive uma filha. Como disse antes, trabalhei por muitos anos no meio teatral e minha grande ambição era escrever e ver meus textos encenados. Tive a felicidade de ver alguns deles no palco… é uma sensação incrível, a transposição da folha de papel para o palco é algo mágico. É como se eu tivesse o poder de criar um mundo!!! Pretensioso… mas é a pura verdade. Mas depois de muito tempo me dedicando exclusivamente ao teatro, passei a focar minha vida na carreira acadêmica (sou formado em Relações Internacionais, mestrado e doutorado em História), área que atuo também. Mas não deixei de escrever para teatro, a carpintaria teatral me deu estofo para poder alçar novos voos e é um gênero que gosto muito de trabalhar. Às vezes crio cenas para treinar opções dramáticas… um passa-tempo!
Mas como não consigo me satisfazer sem desafios, “Os meninos de Gateville” foi um deles. E, hoje, já estou trabalhando em outro romance cuja temática é semelhante. Novamente, um crime vai desencadear um rol de acontecimentos… Já tenho a estrutura pronta… várias fotos dos lugares, algumas caras de personagens definidas… Mas acredito que só conseguirei avançar na escrita no próximo ano.

10 – Deixe uma mensagem para seus fãs, leitores e os novos escritores.

Antes de mais nada, tenho de dizer que é uma honra poder falar sobre esse livro. Ele abriu algumas portas para mim que sequer imaginava, então, não me canso de responder as perguntas que fizerem sobre ele e tudo que o cerca. Uma oportunidade incrível! Gostaria de dizer que é maravilhosa a sensação de ouvir um leitor comentar sobre o livro (e não excluo as críticas negativas), que cada vez que alguém lê o livro, sinto que ganhei um prêmio: consegui entretê-lo por horas… num mundo em que tempo é escasso, sou um privilegiado. Então, tenho de agradecer aos leitores… e convidar aqueles que gostam de uma trama complexa e cheia de reviravoltas, que deem uma oportunidade para “Os meninos de Gateville”. Muitas pessoas têm descoberto esse livro pela capa, mas depois percebem que seu conteúdo acompanha o mesmo clima… suspense e mistério. Agora, para os novos escritores sinto-me sem condições para dar conselhos, até porque estou estreando nesse gênero literário, mas acredito que se você tem algo em mãos que valha à pena ser lido e que acredite, busque caminhos para que chegue a uma editora. Mais do que nunca poderão analisar as possibilidade de sua obra… Muitas vezes temos um apreço tão grande pelo que escrevemos que não conseguimos perceber falhas… digo isso porque uma amigo editor leu meu livro numa das primerias versões e fez algumas sugestões que fizeram com que ele melhorasse muito. Acho que o fundamental é estar aberto para às críticas… elas constroem!

Disponível em: http://rkbooks.wordpress.com/2010/12/13/entrevista-renatho-costa/